O ano de 2024 traz consigo uma série de eleições que terão repercussões significativas na União Europeia (UE), impactando tanto os cenários internos quanto externos do continente. A maior delas, as eleições europeias, está marcada para junho, envolvendo mais de 400 milhões de eleitores e prometendo eleger diretamente os membros do Parlamento Europeu. Contudo, não se restringindo apenas às fronteiras europeias, outras eleições em países estratégicos e Estados autocráticos também lançam sombras sobre o panorama geopolítico e econômico europeu.
1. Eleições nos Estados Unidos e seu Impacto nas Relações Comerciais:
As eleições nos Estados Unidos, previstas para ocorrerem em breve, trazem consigo potenciais mudanças nas relações comerciais entre a UE e os EUA. Com a democracia de Joe Biden, espera-se uma abordagem mais cooperativa, enquanto a permanência de Trump na Casa Branca poderia resultar em um retorno às disputas comerciais. Sob a administração anterior de Trump, tarifas foram aplicadas aos aliados europeus, e a promessa de novas tarifas em caso de reeleição destaca a fragilidade desse cenário de trégua temporária alcançado em 2021.
2. Eleições Europeias em Junho:
As eleições europeias, agendadas para o período de 6 a 9 de junho, são um marco significativo. A baixa participação e o aparente desinteresse dos eleitores em relação à UE nas últimas edições levantam questões sobre o futuro do bloco. Projeções indicam um possível aumento no apoio a partidos eurocéticos e de extrema-direita, tendo em vista os recentes sucessos eleitorais em países como Países Baixos, Itália, Finlândia e Suécia.
As sondagens apontam para um recorde de 87 lugares para a bancada de extrema-direita, Identidade e Democracia, no Parlamento Europeu, o que poderia conferir-lhes um papel crucial como decisores em um cenário de colaboração entre os grupos de centro-direita e centro-esquerda. A campanha eleitoral será marcada por temas como a recessão econômica, descontentamento nas zonas rurais, mudanças climáticas e migração.
Além de eleger os representantes do Parlamento Europeu, essas eleições determinarão quem liderará a próxima Comissão Europeia, prevendo-se a possível reeleição da atual presidente, Ursula von der Leyen, que poderá desencadear uma remodelação significativa dos cargos de topo da UE.
3. Eleições para o Parlamento Português – 10 de março
Convocadas pelo Presidente da República, as eleições legislativas em Portugal, agendadas para 10 de março, surgem em um contexto de demissão do primeiro-ministro António Costa, mantendo-se este como interino. O Partido Socialista (PS), liderado pelo novo líder Pedro Nuno Santos, busca manter Portugal como um bastião da esquerda europeia. As pesquisas indicam uma disputa acirrada entre PS e o Partido Social Democrata, com o partido Chega, de extrema-direita, ameaçando a estabilidade do tradicional sistema bipartidário.
4. Eleições Federais na Bélgica – 9 de junho:
A Bélgica, conhecida por sua política fraturada, realizará eleições europeias e federais em 9 de junho. Com uma coligação de sete partidos no atual governo, as sondagens apontam para um cenário familiar, com destaque para os independentistas flamengos de extrema-direita do Vlaams Belang. O primeiro-ministro Alexander de Croo enfrenta desafios internos, especialmente na Flandres, devido à sua posição sobre o conflito de Gaza e à crise pós-ataque terrorista em Bruxelas.
5. Eleições para o Parlamento Federal da Áustria – Outono
As eleições austríacas, esperadas para o outono, tornam-se críticas em meio aos esforços europeus para conter o avanço da extrema-direita. O Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), após um escândalo em 2019, ressurge com impressionantes 30% nas pesquisas, capitalizando políticas anti-confinamento durante a pandemia e críticas às sanções da UE contra a Rússia. A possibilidade de um chanceler do FPÖ torna a eleição austríaca de suma importância.