A Americanas enfrenta desafios em 2023 com uma queda no GMV e receita líquida, mas apresenta sinais de recuperação no primeiro semestre de 2024. Conheça os detalhes do desempenho da varejista e suas estratégias de transformação.
A Americanas (AMER3), uma das maiores varejistas do Brasil, teve um desempenho desafiador em 2023, marcado por uma redução significativa em seu GMV (Gross Merchandise Value), fechamento de unidades e um prejuízo expressivo. No entanto, a companhia apresentou uma trajetória de recuperação no primeiro semestre de 2024, com avanços notáveis em vendas no conceito “mesmas lojas” e melhorias no EBITDA ajustado, apesar dos desafios remanescentes. A empresa também implementou uma estratégia focada na rentabilidade e transformação operacional, o que pode mudar o cenário de sua atuação nos próximos meses.
Desempenho em 2023: Queda Acentuada no GMV e Receita Líquida
Em 2023, a Americanas registrou um GMV de R$ 22,8 bilhões, uma queda de 45,9% em comparação com 2022. Essa queda foi amplamente atribuída à redução de 75,7% nas vendas da plataforma digital, devido à mudança estratégica da empresa de migrar categorias relevantes do 1P (vendas próprias) para o 3P (marketplace). Essa decisão visava melhorar a rentabilidade da operação, mas resultou em uma queda expressiva no volume de vendas.
A receita líquida consolidada da companhia também sofreu um forte impacto, totalizando R$ 14,9 bilhões em 2023, o que representa uma redução de 42,1% em relação ao ano anterior. Esse declínio é reflexo direto da diminuição das vendas e das dificuldades enfrentadas pela varejista durante o ano.
Melhora no Desempenho Operacional em 2024
Embora 2023 tenha sido um ano de desafios, a Americanas demonstrou sinais de recuperação no primeiro semestre de 2024. Nos primeiros seis meses do ano, o GMV da companhia foi de R$ 10,1 bilhões, uma queda de 9,0% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse resultado, embora ainda negativo, mostra uma desaceleração na retração do GMV, o que indica que as estratégias de transformação estão começando a surtir efeito.
Um dos principais destaques do semestre foi o crescimento das vendas no conceito “mesmas lojas”, que aumentaram 19,7% em comparação com o primeiro semestre de 2023. Essa melhora foi impulsionada, em grande parte, pelo desempenho robusto durante a Páscoa, uma das principais datas para o varejo. Em 2023, as vendas no conceito “mesmas lojas” haviam crescido apenas 1,0%, o que demonstra uma clara recuperação em 2024.
Fechamento de Lojas e Ajustes na Operação
Em 2023, a Americanas tomou a decisão de encerrar as operações de 125 unidades, como parte de sua estratégia de otimização de custos e transformação operacional. No primeiro semestre de 2024, mais 56 unidades foram fechadas, com foco no formato Express. Esses fechamentos são parte do esforço da companhia para melhorar a eficiência e ajustar sua operação às novas realidades do mercado.
EBITDA Ajustado e Recuperação Gradual
O EBITDA ajustado (ex-IFRS 16) da Americanas em 2023, embora ainda negativo em R$ 3,5 bilhões, melhorou em quase R$ 1 bilhão em comparação com 2022. Esse avanço demonstra que a empresa está fazendo progressos em suas iniciativas de recuperação financeira. Já no primeiro semestre de 2024, o EBITDA ajustado foi negativo em R$ 240 milhões, mas apresentou uma melhora significativa de quase R$ 1,5 bilhão em comparação ao mesmo período de 2023.
Essa recuperação foi impulsionada por eventos extraordinários operacionais, como a recuperação extemporânea de Verba de Propaganda Cooperada (VPC) no valor de aproximadamente R$ 300 milhões e eventos tributários de cerca de R$ 150 milhões. Esses fatores contribuíram para mitigar o impacto negativo no resultado operacional da companhia.
Prejuízo e Perspectivas Fiscais
O prejuízo líquido da Americanas em 2023 foi de R$ 2,3 bilhões, uma redução de 82,8% em relação ao prejuízo registrado em 2022. O desempenho negativo foi fortemente influenciado pela crise operacional e financeira da companhia, além dos custos adicionais associados à Investigação e à Recuperação Judicial. No entanto, o resultado foi parcialmente compensado por impactos tributários, que ajudaram a reduzir o prejuízo.
Nos primeiros seis meses de 2024, a Americanas reportou um prejuízo de R$ 1,4 bilhão, o que representa uma redução de 55,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa melhora é reflexo das iniciativas de transformação da administração da companhia, que começam a gerar resultados positivos, embora o cenário ainda exija cautela.
Um dos principais eventos positivos foi a homologação do Plano de Recuperação Judicial (PRJ), o que abriu caminho para a expectativa de que a companhia volte a gerar lucro tributável em 2024. Isso permitiu o reconhecimento de impostos diferidos no valor de R$ 4,8 bilhões no quarto trimestre de 2023, o que contribuiu para melhorar a posição fiscal da empresa.
Suspensão das Projeções e Reavaliação Estratégica
A Americanas anunciou a decisão de suspender a divulgação de suas projeções (guidance) para os próximos períodos. Essa decisão visa permitir que a empresa reavalie suas expectativas de desempenho futuro, à luz dos resultados de 2023 e do primeiro semestre de 2024. A companhia está focada em ajustar suas operações e implementar novas estratégias para enfrentar os desafios do mercado e melhorar sua rentabilidade nos próximos meses.