Tarifas Retroativas Podem Abalar Comércio Bilionário de Painéis Solares do Vietnã e Tailândia nos EUA

O Comércio de Painéis Solares Entre o Vietnã, Tailândia e EUA Pode Sofrer um Golpe Pesado

O mercado global de painéis solares está em um momento de grande tensão. O Departamento de Comércio dos EUA está analisando uma possível aplicação de tarifas retroativas sobre as importações de painéis solares do Vietnã e Tailândia, algo que pode afetar seriamente o comércio bilionário entre esses países e os EUA.

Essa situação ganhou mais destaque na última quinta-feira, quando fabricantes de painéis solares dos Estados Unidos pediram ao governo que considere aplicar essas tarifas sobre produtos importados desses dois países asiáticos. O motivo? Alegações de que o Vietnã e a Tailândia estariam praticando preços extremamente baixos, com apoio de subsídios chineses.

Investigações em Andamento: O Que Está em Jogo?

Tudo começou em maio de 2024, quando o Departamento de Comércio dos EUA iniciou investigações sobre a origem e os preços dos painéis solares feitos no Vietnã, Tailândia, Malásia e Camboja. A alegação dos fabricantes norte-americanos é de que esses países estariam “floodando” o mercado americano com produtos mais baratos, beneficiados por subsídios da China, o que prejudica a competitividade dos fabricantes domésticos.

Os números falam por si: em 2023, aproximadamente 80% dos painéis solares importados pelos EUA vieram desses quatro países. O Vietnã e a Tailândia, em especial, se destacaram como os maiores exportadores.

Essa investigação pode resultar em tarifas mais altas para os produtos desses países já em julho, caso as autoridades federais confirmem práticas comerciais desleais em suas determinações preliminares. O que torna a situação ainda mais preocupante para os exportadores asiáticos é que essas tarifas podem ser aplicadas retroativamente, até 90 dias antes da decisão final.

O Vietnã em Risco: Tarifas Elevadas à Vista

Se essas tarifas forem aplicadas, o Vietnã é quem pode sair mais prejudicado. Isso porque o país é classificado pelos EUA como uma economia não de mercado, o que implica em sanções mais rigorosas. De acordo com especialistas, o Vietnã enfrenta uma margem de dumping estimada em mais de 270%. Para colocar em perspectiva, essa margem é três vezes maior do que a da Tailândia. Caso essa margem seja confirmada, as tarifas podem ser elevadas a um nível que tornaria extremamente difícil para o Vietnã competir no mercado americano.

O aumento nas exportações de painéis solares do Vietnã nos últimos meses não passou despercebido. Em abril de 2024, por exemplo, o país exportou mais de US$ 680 milhões em painéis solares para os EUA, representando mais da metade do total de importações americanas naquele mês. Esse aumento pode ser visto como uma tentativa de antecipar as possíveis tarifas, o que agrava ainda mais a situação do país.

O Impacto das Decisões de Biden na Indústria Solar

Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden vem se esforçando para revitalizar a indústria doméstica e incentivar a produção interna de painéis solares como parte da luta contra as mudanças climáticas. A ideia é reduzir a dependência da China e promover a fabricação de produtos essenciais, como painéis solares e baterias, em solo americano.

No entanto, essa estratégia enfrenta desafios. O mercado americano ainda é amplamente dominado por importações asiáticas, que chegam a preços muito mais baixos. Isso cria um dilema: por um lado, as tarifas ajudariam a proteger os fabricantes locais. Por outro, poderiam aumentar o custo dos painéis solares para os consumidores americanos, o que poderia desacelerar a transição para uma energia mais limpa no país.

O Que Vem a Seguir?

A expectativa é que o Departamento de Comércio dos EUA finalize suas investigações nos próximos meses, com decisões preliminares previstas para outubro de 2024. Se confirmadas as práticas desleais, as tarifas retroativas poderão ser aplicadas, impactando diretamente o mercado de energia solar. Isso colocaria o Vietnã e a Tailândia em uma situação difícil, especialmente considerando o peso dessas exportações em suas economias.

Até lá, o Vietnã, que forneceu aos EUA painéis solares no valor de US$ 3,3 bilhões apenas nos primeiros seis meses de 2024, pode ver sua participação no mercado americano encolher significativamente. E a Tailândia, embora menos impactada, também poderá sentir os efeitos dessa nova política comercial.

O cenário é complexo e envolve não apenas questões comerciais, mas também geopolíticas. A relação entre os EUA e os países asiáticos está sob constante escrutínio, e a forma como essas negociações serão conduzidas terá implicações não só para a indústria solar, mas para o equilíbrio do comércio global nos próximos anos.