Nesta sexta-feira, o Ibovespa avançava 1,3%, alcançando 135.775,39 pontos. Esse crescimento reflete um alívio na curva de juros e uma expectativa crescente em relação às decisões de política monetária dos EUA e do Brasil que serão anunciadas na próxima semana. O movimento positivo do índice vem em um momento de especulação e incerteza sobre as direções futuras das políticas monetárias dos dois países.
Anúncio do Federal Reserve
O Federal Reserve dos Estados Unidos é o primeiro a fazer seu anúncio na quarta-feira, às 15h. O mercado ainda está dividido sobre o tamanho do possível corte na taxa de juros, atualmente entre 5,25% e 5,50%. De acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, os contratos futuros de juros nos EUA embutem uma chance de 53% para um corte de 0,25 ponto percentual e uma chance de 47% para uma redução mais acentuada de 0,50 pontos. Esses indicadores são cruciais para os mercados globais, pois qualquer ajuste na política monetária dos EUA pode ter efeitos significativos sobre a liquidez e o apetite por risco no mercado financeiro internacional.
Decisão do Copom sobre a Selic
No mesmo dia, mas após o fechamento do mercado brasileiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará sua decisão sobre a Selic, atualmente fixada em 10,50% ao ano. A maioria dos contratos de DI sugere uma alta de 0,25 ponto percentual, com uma chance de 94% para tal movimento. Por outro lado, a possibilidade de um aumento mais agressivo de 0,50 pontos é vista como muito mais remota, com apenas 6% de chance. A decisão do Copom será observada atentamente, pois impactará diretamente o custo do crédito e a atividade econômica no Brasil.
Dados Econômicos Recentes
Recentemente, dados econômicos mostraram uma contração na economia brasileira no início do segundo semestre, embora menor do que o esperado pelo mercado. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,4% em julho em relação ao mês anterior, mas, quando observado em 12 meses, acumula um crescimento de 2%. Esse resultado sugere que, apesar das dificuldades econômicas, há uma resiliência parcial na economia, o que pode influenciar a decisão do Copom sobre a Selic.
Perspectivas da Economia Brasileira
A visão do diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destaca que a economia brasileira ainda se beneficia de fatores como estímulo fiscal e crescimento da renda disponível. No entanto, ele adverte que o ritmo de expansão deve ser moderado devido a condições monetárias domésticas ainda apertadas, altos níveis de endividamento das famílias e uma maior incerteza política. Esses fatores são cruciais para entender a dinâmica atual do mercado e as expectativas futuras.
Impacto da Queda no Rendimento dos Títulos dos EUA
Nesse cenário, a queda no rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA contribui para um alívio na curva futura de juros brasileira. Esse alívio favorece ações de empresas de setores cíclicos, que são mais sensíveis às taxas de juros e tiveram destaque positivo nos últimos dias. Analistas do Itaú BBA observam que o Ibovespa está pressionado no suporte em 133.800 pontos e passou por três testes recentes. Embora haja um risco de realizações no curto prazo, a recuperação nos mercados americanos nas últimas sessões traz esperança de uma possível estabilização e recuperação.
Destaques do Mercado
Entre os destaques de hoje, a Cogna (COGN3) avançou 6,43%, impulsionada pela revisão positiva de analistas. A YDUQS (YDUQ3) também teve um desempenho robusto, subindo 5,67%. A EZTEC (EZTC3) se beneficiou da queda nas taxas dos DIs e subiu 6,16%, enquanto o índice do setor imobiliário na B3 avançou 2,18%. A Vale (VALE3), mesmo com o declínio dos futuros do minério de ferro na China, ganhou 1% no dia, refletindo uma performance positiva no acumulado da semana.
A Petrobras (PETR3) subiu 1,46%, apoiada pela alta dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent avançando 1,01%, a 72,70 dólares. O setor bancário também mostrou ganhos, com o Itaú Unibanco (ITUB3) e outros bancos valorizando-se em um dia positivo para o setor. A Raízen (RAIZ4) subiu 0,98%, impulsionada pela emissão de títulos no mercado internacional.
Conclusão
Em resumo, o mercado brasileiro está atento às próximas decisões de política monetária dos EUA e do Brasil, que serão fundamentais para os próximos movimentos do Ibovespa. As expectativas de mudanças nas taxas de juros e os dados econômicos locais continuarão a influenciar o sentimento dos investidores e as estratégias de investimento.
Como a Política Monetária Afeta os Mercados de Ações e Juros
