Inflação na Zona do Euro e Expectativas de Cortes de Juros

A inflação da zona do euro pode diminuir mais rapidamente do que se pensava anteriormente. Além disso, o crescimento econômico deve permanecer fraco, conforme relataram autoridades do Banco Central Europeu (BCE) e novas pesquisas nesta sexta-feira. Esses fatores reforçam os argumentos a favor de cortes rápidos nas taxas de juros nos próximos meses.

O Papel do BCE nas Taxas de Juros

Na quinta-feira, o BCE reduziu os juros pela terceira vez este ano, devido à moderação das pressões sobre os preços. Os investidores agora esperam cortes nas taxas de juros em cada uma das próximas quatro ou cinco reuniões do banco central. Isso se dá porque a inflação da zona do euro está próxima de sua meta de 2% e o bloco flerta com a recessão.

Expectativas para a Inflação

Fontes próximas às deliberações do BCE afirmaram que a inflação poderia atingir 2% alguns trimestres antes do que se pensava anteriormente. Como resultado, isso levou alguns membros do banco a defender, na quinta-feira, o abandono da promessa de manter uma política monetária restritiva. Essa mudança é um sinal implícito de que mais cortes estão por vir.

Mudanças nas Perspectivas Econômicas

Em uma postagem de blog na sexta-feira, Madis Müller, presidente do banco central da Estônia, argumentou que as perspectivas haviam mudado acentuadamente desde as últimas projeções do BCE em setembro. Ele afirmou: “O crescimento econômico será mais modesto do que se poderia esperar há apenas um ou dois meses, e isso provavelmente também reduzirá a pressão sobre a inflação da zona do euro e os aumentos de preços”.

A Pesquisa de Analistas Profissionais

Esse ponto de vista foi corroborado pela Pesquisa de Analistas Profissionais do BCE, que indicou que a inflação pode voltar a 2% muito mais rapidamente do que a equipe do banco central espera atualmente. De acordo com a pesquisa, o crescimento de preços deve ser de 1,9% no próximo ano. Isso está abaixo dos 2% previstos há três meses e bem abaixo dos 2,3% estimados pelo BCE para o ano todo.

Revisão das Projeções de Inflação

Embora o BCE preveja uma inflação de 2% apenas no último trimestre de 2025, a pesquisa sugere que isso poderá ocorrer muito mais rapidamente. Isso é especialmente válido, pois o crescimento subjacente dos preços também está desacelerando. Muitos economistas revisaram suas previsões desde que a inflação caiu para 1,7% no mês passado. Esse é o nível mais baixo em mais de três anos. Os preços fracos da energia e o crescimento anêmico prenunciam fraqueza nas pressões de preços no futuro.

Expectativas de Mercado

O HSBC observou que espera a inflação subindo para 1,9% em outubro e cruzando novamente os 2% em dezembro. Em seguida, ela deverá oscilar entre 1,6% e 1,8% durante a maior parte do primeiro semestre de 2025. Essa expectativa pode influenciar as decisões futuras do BCE.

Desafios para o Crescimento Econômico

A razão pela qual as autoridades e investidores veem cortes rápidos nas taxas de juros é que o crescimento econômico continua vacilando. Além disso, uma pesquisa separada do BCE com empresas registrou uma nova desaceleração no ímpeto dos negócios. Mesmo assim, as empresas ainda veem algum crescimento modesto à frente, uma vez que a expansão nos serviços compensa a recessão no setor industrial.

O Clima de Desânimo nas Empresas

O clima de desânimo entre as 95 grandes empresas não financeiras pesquisadas reflete preocupações com a competitividade, incertezas sobre a transição verde e altos custos. Esse cenário tem levado as empresas a reduzir investimentos e focar no corte de custos, o que também impacta a confiança do consumidor.

A Moderação nos Aumentos de Preços

Esses fatores contribuem para uma nova moderação no aumento dos preços. Essa moderação poderá reforçar o argumento para que o BCE implemente cortes nas taxas de juros rapidamente. Nos últimos três anos, o BCE lutou contra o pior surto de inflação em mais de uma geração. Contudo, algumas autoridades agora acreditam que há um risco realista de que a inflação volte a ficar abaixo da meta de 2%.

Direção Clara para a Política Monetária

Por fim, o chefe do banco central francês, François Villeroy de Galhau, comentou: “A meu ver, a direção da política monetária é clara — devemos continuar a reduzir nossa política monetária restritiva de forma apropriada”. No entanto, ele enfatizou que o ritmo dos cortes deve ser guiado por um “pragmatismo ágil”. Essa abordagem pode garantir que o BCE responda de maneira eficaz às dinâmicas econômicas em evolução.


Impacto das Taxas de Juros na Economia da Zona do Euro