China atinge meta de crescimento de 5% em 2024, mas enfrenta desequilíbrios econômicos e pressões externas. Entenda os desafios e perspectivas para 2025.
Meta Desafiadora em Meio a Estruturas Desequilibradas
A economia chinesa alcançou sua meta de crescimento de 5% em 2024, mas a conquista veio acompanhada de desafios significativos. O desempenho foi marcado por disparidades estruturais profundas, destacadas por uma produção industrial robusta em contraste com uma demanda interna fraca.
No quarto trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,4%, superando as projeções de 4,9%. No entanto, esse avanço não reflete um crescimento uniforme. Muitos cidadãos relataram deterioração em seus padrões de vida, e analistas apontam que a economia ainda está presa em um ciclo de dependência de exportações e estímulos industriais.
Crescimento Industrial em Contraste com o Consumo
A produção industrial continuou a liderar a recuperação, mas o consumo doméstico permaneceu morno. Dados de dezembro evidenciaram essa disparidade: enquanto a produção industrial superou expectativas, as vendas no varejo e a taxa de desemprego mostraram sinais de fraqueza.
Esse desequilíbrio também impacta as perspectivas para 2025. Caso os estímulos continuem concentrados no setor industrial e de infraestrutura, a capacidade ociosa das fábricas pode se intensificar, agravando as pressões deflacionárias e mantendo o consumo em níveis baixos.
Além disso, a queda nos preços ao produtor ajudou a manter os produtos chineses competitivos no mercado global. Contudo, internamente, isso prejudicou os lucros das empresas e afetou os salários dos trabalhadores, alimentando o descontentamento social e aumentando os desafios econômicos.
Impactos Externos e Geopolíticos
As tensões comerciais com os Estados Unidos adicionaram mais um obstáculo ao cenário econômico. O aumento das tarifas americanas, esperado no final de 2024, provocou um “salto de última hora” nas exportações chinesas, à medida que empresas anteciparam envios antes das novas barreiras.
Embora esse movimento tenha impulsionado os números do último trimestre, analistas alertam que ele pode não ser sustentável. Frederic Neumann, economista-chefe para a Ásia do HSBC, destacou que a China enfrentará uma necessidade ainda maior de estimular o consumo doméstico em 2025, especialmente se novas tarifas reduzirem a competitividade de seus produtos no exterior.
Além disso, uma “guerra comercial 2.0” poderia deixar a China em uma posição mais vulnerável do que em 2018, quando Donald Trump implementou as primeiras tarifas. Agora, o país enfrenta uma crise imobiliária persistente e altos níveis de dívida governamental, o que limita sua capacidade de resposta.
Ceticismo em Relação aos Dados Oficiais
Apesar de atingir sua meta, a precisão dos números oficiais da China continua sendo questionada. Economistas apontam que os desafios estruturais, como consumo interno fraco e mercados imobiliários em declínio, tornam improvável que o crescimento tenha sido uniforme.
Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico da Natixis, afirmou que a meta de 5% está se tornando irrelevante, pois não reflete as condições reais da economia. Análises independentes, como a do Rhodium Group, sugerem que o crescimento real pode ter sido entre 2,4% e 2,8%, muito abaixo do divulgado oficialmente.
O ceticismo também cresceu após declarações de economistas locais sobre possíveis superestimativas no crescimento do PIB nos últimos anos. A transparência limitada em relação aos dados oficiais aumenta a incerteza entre investidores e analistas globais.
Perspectivas para 2025
Com os desafios de 2024 em mente, o futuro econômico da China depende de políticas que priorizem o fortalecimento do consumo interno. Pequim anunciou subsídios para estimular a compra de bens de consumo e aumentos salariais modestos para funcionários públicos. No entanto, essas medidas são consideradas insuficientes para transformar o modelo econômico do país.
Especialistas concordam que a China precisa reduzir sua dependência de exportações e concentrar esforços em políticas que promovam o bem-estar das famílias. Sem uma reestruturação significativa, os desequilíbrios econômicos podem limitar o potencial de crescimento sustentável no futuro.
Conclusão
Embora a China tenha atingido sua meta de 5% em 2024, a economia enfrenta desafios internos e externos consideráveis. A necessidade de estímulos internos mais eficazes e de reformas estruturais é fundamental para enfrentar a pressão de tensões comerciais e o consumo doméstico estagnado. O caminho para um crescimento sustentável em 2025 exigirá mudanças profundas na estratégia econômica do país.