O Cenário do Crédito no Brasil em 2025
O Comitê de Estabilidade Financeira do Banco Central (Comef) divulgou, em sua última reunião (27 e 28 de maio de 2025), um relatório detalhado sobre a evolução do crédito no Brasil. Os dados apontam uma leve desaceleração no primeiro trimestre do ano, tanto no sistema financeiro quanto no mercado de capitais.
Apesar dessa redução no ritmo, o crescimento do crédito amplo permanece em patamares historicamente elevados, mesmo diante de um cenário de juros altos (Selic em 14,75% ao ano) e elevado endividamento de famílias e empresas.
Neste artigo, vamos explorar:
✔️ Os motivos por trás da desaceleração do crédito
✔️ O impacto nas pessoas físicas e jurídicas
✔️ Os principais riscos para a estabilidade financeira
✔️ As perspectivas para o restante de 2025
1. Desaceleração do Crédito no 1º Trimestre de 2025: Principais Fatores
O relatório do Comef destaca que o crédito amplo (que engloba empréstimos para pessoas físicas e jurídicas) continua em expansão, mas com uma leve redução na velocidade de crescimento. Entre os principais motivos estão:
🔹 Aumento da Taxa Selic e Seu Impacto no Crédito
- Em abril de 2025, o Copom elevou a taxa básica de juros para 14,75% ao ano, tornando o crédito mais caro.
- Isso desestimula novos empréstimos, especialmente para consumidores e pequenas empresas, que já enfrentam alto endividamento.
🔹 Endividamento Recorde de Famílias e Empresas
- O comprometimento da renda das famílias atingiu níveis preocupantes, principalmente nas faixas de menor poder aquisitivo.
- Empresas também estão com elevada alavancagem, limitando sua capacidade de contrair novos financiamentos.
🔹 Queda em Segmentos Específicos
- Crédito rural teve uma desaceleração mais acentuada.
- Financiamento de veículos e crédito não consignado também perderam fôlego.
2. Impacto nas Pessoas Físicas: Crédito Mais Caro e Riscos Crescentes
O Comef observou que, para as famílias, a desaceleração foi mais perceptível em modalidades como:
✔️ Crédito Não Consignado (Pessoal e Cartões)
- Com juros altos, os empréstimos pessoais e rotativos de cartão ficaram mais caros, reduzindo a demanda.
- O inadimplemento preocupa, já que muitas famílias estão no limite de sua capacidade de pagamento.
✔️ Financiamento de Veículos
- A alta dos juros e o menor poder de compra frearam a demanda por financiamentos de carros e motos.
✔️ Crédito de Alto Risco em Ascensão
- Modalidades como cartão de crédito rotativo e empréstimos com garantia de salário continuam crescendo mais que opções de menor risco (como crédito consignado).
- Isso indica que famílias de baixa renda estão recorrendo a créditos caros para cobrir despesas básicas, aumentando o risco de inadimplência.
📌 Dado Alarmante: O Comef destacou que o comprometimento da renda das famílias está em trajetória ascendente, especialmente entre as classes C, D e E.
3. Situação das Empresas: Estabilidade no Crédito, Mas Riscos para Pequenos Negócios
Para as empresas, o cenário foi um pouco diferente:
✔️ Estabilidade no Crédito Bancário
- Após uma aceleração em 2024, o crescimento do crédito para PJs se estabilizou.
- Grandes empresas ainda têm acesso a linhas de financiamento, mas com taxas mais altas.
✔️ Riscos para Micro e Pequenas Empresas (MPEs)
- O Comef alerta que o risco de inadimplência em MPEs segue elevado.
- Muitas pequenas empresas dependem de crédito caro e têm dificuldade em honrar dívidas em um cenário de juros altos.
4. Riscos para a Estabilidade Financeira em 2025
O relatório do Comef também destacou ameaças internas e externas que podem impactar o crédito e a economia:
🔴 Riscos Domésticos
- Sustentabilidade fiscal: Se o governo não controlar o déficit público, pode haver pressão sobre os juros e inflação, afetando o crédito.
- Inadimplência crescente: Se famílias e empresas não conseguirem pagar dívidas, os bancos podem restringir ainda mais os empréstimos.
🔴 Riscos Globais
- Reprecificação de ativos: Se os EUA e Europa mantiverem juros altos, investidores podem retirar capital de mercados emergentes como o Brasil.
- Crises geopolíticas: Conflitos e tensões comerciais podem aumentar a volatilidade e o custo do crédito externo.
5. Perspectivas para o Restante de 2025: O Que Esperar?
O Comef afirmou que monitorará de perto a evolução do crédito e está preparado para intervir se necessário. Mas o que podemos esperar para os próximos meses?
📉 Cenário de Continuidade da Desaceleração
- Se a Selic permanecer alta, o crédito deve continuar perdendo força.
- Famílias e empresas podem reduzir ainda mais a demanda por empréstimos.
📈 Possível Melhora no 2º Semestre
- Se o Copom começar a cortar juros, o crédito pode reaquecer.
- Uma melhora na confiança do consumidor também poderia estimular financiamentos.
Conclusão: Crédito em Fase de Ajuste, Mas Com Desafios pela Frente
A desaceleração do crédito no Brasil em 2025 não é uma crise, mas sim um ajuste natural diante de juros altos e endividamento elevado. No entanto, os riscos são reais:
✅ Famílias estão cada vez mais endividadas, especialmente as de baixa renda.
✅ Pequenas empresas enfrentam dificuldades para acessar crédito barato.
✅ Fatores globais podem pressionar ainda mais a economia.
O Comef e o Banco Central terão um papel crucial nos próximos meses, equilibrando políticas para evitar uma crise de crédito sem estimular a inflação.


