Discursos de Jerome Powell, presidente do Fed, e de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, movimentam a agenda desta terça-feira, em meio à divulgação da ata do Copom e expectativa global por sinais sobre juros e economia.
Nesta terça-feira, investidores e analistas estarão atentos a uma agenda carregada de falas e indicadores que podem influenciar diretamente o rumo dos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior. Os holofotes se voltam para Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), e para Fernando Haddad, ministro da Fazenda, em um dia marcado também pela divulgação da ata da última reunião do Banco Central brasileiro.
Powell e os sinais do Fed
Jerome Powell discursa a partir das 13h35 (horário de Brasília) em um evento internacional. Suas palavras devem ser observadas com lupa, já que o mercado busca compreender melhor o rumo da política monetária norte-americana.
Atualmente, há sinais conflitantes entre os dirigentes do Fed: enquanto parte defende cortes graduais nos juros para conter a inflação sem sufocar a atividade econômica, outros mostram cautela diante da resiliência do mercado de trabalho e da pressão inflacionária.
Qualquer nuance em sua fala pode mexer com as expectativas e influenciar os rendimentos dos Treasuries, o dólar e até ativos de risco em escala global.
Brasil: ata do Copom e fala de Haddad
No cenário doméstico, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi divulgada às 8h. O documento detalha a decisão unânime de manter a Selic em 15% ao ano, reforçando que o ambiente ainda é de incerteza e exige cautela. O BC sinalizou que pode ser necessário manter os juros nesse patamar por um período prolongado para assegurar que a inflação caminhe rumo à meta.
Pouco depois, às 8h30, o ministro Fernando Haddad concede entrevista ao vivo ao ICL Notícias. O momento é sensível, já que o governo anunciou na véspera a necessidade de bloquear R$ 12,1 bilhões em gastos dos ministérios em 2025 para cumprir o teto de despesas — valor superior aos R$ 10,7 bilhões previstos em julho.
O ajuste fiscal, aliado à menor folga para atingir a meta de resultado primário e ao risco de queda na arrecadação, aumenta a pressão sobre a equipe econômica.
Lula em Nova York
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre agenda internacional em Nova York. Ele abre a Assembleia-Geral da ONU e se encontra com o secretário-geral da entidade, António Guterres. Os discursos na ONU geralmente buscam reforçar a posição do Brasil no cenário global e podem repercutir tanto politicamente quanto economicamente.
Mercados internacionais
No exterior, os mercados amanheceram em compasso de espera:
- EUA: e-mini do S&P 500 recuava 0,06%, refletindo cautela antes da fala de Powell.
- Europa: índices em alta, com destaque para Paris (+0,68%) e Lisboa (+1,01%).
- Petróleo: Brent avançava 0,77%, a US$ 67,08, enquanto o WTI subia 0,93%, a US$ 62,86.
- Câmbio: o euro recuava 0,09%, cotado a US$ 1,1791, e o índice dólar (DXY) subia 0,046%.
Na Ásia, o fechamento trouxe movimentos mistos: Hong Kong caiu 0,70%, enquanto Taiwan avançou 1,42%. O índice Nikkei, em Tóquio, permaneceu fechado.
Mercados domésticos na véspera
No Brasil, a sessão de segunda-feira foi de queda para o Ibovespa, que recuou 0,52%, aos 145.109 pontos, pressionado pela forte baixa da Cosan após anúncio de capitalização. Em contrapartida, a Embraer figurou entre as maiores altas com a notícia de encomenda de aeronaves pela Latam.
O dólar subiu 0,33% frente ao real, cotado a R$ 5,3380, na quarta alta consecutiva, destoando do movimento de enfraquecimento da moeda norte-americana no cenário externo.
Nos EUA, Wall Street registrou recordes de fechamento pelo terceiro pregão seguido, sustentada pelo avanço das big techs. A Nvidia liderou os ganhos após anunciar investimentos de até US$ 100 bilhões na OpenAI.
Juros futuros e Treasuries
Os juros futuros brasileiros avançaram em praticamente todos os vértices, refletindo maior percepção de risco fiscal e expectativa em torno da Selic prolongada em 15% ao ano. O contrato de janeiro/29, por exemplo, saltou para 13,24% ao ano, contra 13,13% no ajuste anterior.
Nos EUA, o rendimento dos Treasuries de 10 anos estava em 4,145%, também no radar dos investidores globais que buscam compreender a trajetória dos juros.
Conclusão
O dia promete ser de alta volatilidade nos mercados, com investidores ajustando suas estratégias diante das falas de Powell e Haddad, da ata do Copom e do discurso de Lula na ONU. A combinação entre política monetária restritiva, ajuste fiscal desafiador e agenda internacional intensa cria um ambiente de cautela, mas também de oportunidades para quem acompanha de perto os movimentos da economia global.


