Tesourarias de Bitcoin perdem brilho: investidores exigem diferenciação e propósito real nas empresas de BTC

Tesourarias de Bitcoin perdem brilho

O entusiasmo em torno das empresas de tesouraria de Bitcoin começa a esfriar. Entenda por que investidores estão mais criteriosos e quais estratégias podem manter essas companhias relevantes no mercado cripto.

A nova fase das empresas de tesouraria de Bitcoin

O cenário das tesourarias de Bitcoin — empresas que mantêm o BTC como parte estratégica de seu patrimônio — está passando por uma transformação significativa. Depois de um período marcado por entusiasmo e valorização acelerada, o mercado agora demonstra mais maturidade e seletividade. De acordo com David Bailey, CEO da KindlyMD e responsável pela estratégia de acumulação de Bitcoin da empresa, a fase da “euforia” acabou.

Hoje, existem cerca de 205 empresas de tesouraria de Bitcoin listadas publicamente em todo o mundo. No entanto, o brilho que envolvia esse modelo começa a se apagar. O valor líquido de mercado (mNAV) de várias companhias tem despencado nos últimos meses, sinalizando que os investidores não estão mais apostando cegamente em qualquer empresa que anuncie a compra de BTC.


O mercado está mais exigente e sofisticado

Segundo Bailey, o mercado está aprendendo a diferenciar empresas sólidas de iniciativas oportunistas. Ele afirma que não há mais espaço para novos projetos que apenas copiem o modelo de outras companhias. Agora, é essencial apresentar propósito, estratégia e vantagem competitiva.

“É tipo, qual é a vantagem? Por que você é necessário?”, questiona Bailey.

Durante os períodos de euforia, é comum ver tanto boas empresas surgindo quanto projetos sem fundamento tentando surfar na onda. A diferença é que, em um mercado mais racional, a sustentabilidade e a inovação passam a ser fatores determinantes para o sucesso.


O fim do modelo “copiar e colar”

Bailey ressalta que os dias em que novas tesourarias de Bitcoin seguiam o mesmo roteiro das já existentes ficaram no passado. Segundo ele, o mercado só pode sustentar um número limitado de empresas com propostas idênticas.

O novo diferencial está em atacar nichos ainda pouco explorados — seja atuando em mercados internacionais, especializando-se em tipos específicos de ativos, ou adotando estratégias de fusão e aquisição para garantir receitas mais estáveis.

Um exemplo é a própria Nakamoto Holdings, empresa de Bailey, que recentemente se fundiu com a KindlyMD em 14 de agosto, formando uma companhia pública com o ousado plano de acumular 1 milhão de BTC.


Volatilidade e riscos no curto prazo

Apesar dos planos ambiciosos, as ações da KindlyMD vêm enfrentando uma alta volatilidade. Em 15 de setembro, a cotação caiu 55% em um único dia, chegando a US$ 1,22, após Bailey alertar investidores sobre a possibilidade de variações acentuadas. Atualmente, as ações estão em US$ 0,76, de acordo com o Google Finance.

Bailey reconhece o momento turbulento, mas acredita que o setor está caminhando para um “espaço mais saudável”, onde apenas as empresas mais fortes sobreviverão.


A bolha das tesourarias de Bitcoin

A grande questão que paira sobre o mercado é: as tesourarias de Bitcoin estão em uma bolha?

Atualmente, as empresas públicas de tesouraria detêm um total de US$ 113,8 bilhões em Bitcoin, segundo dados do BitcoinTreasuries.NET. Entretanto, os sinais de alerta são evidentes. Várias companhias viram seus mNAVs despencarem e enfrentam dificuldades para sustentar o modelo de acumulação pura.

O Standard Chartered Bank alertou recentemente que o colapso de algumas tesourarias digitais pode expor empresas menores a riscos ainda maiores, e destacou que a saturação do mercado é um dos principais motivos por trás da compressão dos valores de mercado.

A empresa de capital de risco Breed reforçou essa análise, prevendo que apenas poucas companhias resistirão ao tempo, enquanto as demais podem entrar em uma “espiral da morte” — especialmente aquelas que operam próximas ao valor líquido de seus ativos.


Analistas veem vida curta para o modelo atual

O analista da Glassnode, James Check, afirmou que sua intuição é de que a estratégia de tesouraria de Bitcoin tem uma vida útil muito mais curta do que o mercado imagina.

“Para muitos novos participantes, ela já pode ter acabado”, afirmou Check.

Enquanto isso, Veronika Kapustina, CEO da TON Strategy, considera que, embora todos os sinais apontem para uma bolha, esse é um novo segmento das finanças globais, ainda em fase de consolidação. Ou seja, o mercado pode estar apenas passando por um processo natural de filtragem e amadurecimento.


O futuro das tesourarias de Bitcoin

O consenso entre analistas e executivos é que o setor está entrando em uma nova fase, mais realista e sustentável. O entusiasmo inicial cede lugar à estratégia, inovação e diferenciação.

Empresas que conseguirem alinhar propósito, gestão de risco e valor agregado poderão se consolidar e prosperar. Já aquelas que dependem unicamente do aumento do preço do Bitcoin terão dificuldades para sobreviver.

Em um mercado cada vez mais exigente, as tesourarias de Bitcoin precisam mostrar por que existem e o que as torna únicas. Afinal, o tempo da euforia ficou para trás — e o da credibilidade e consistência acaba de começar.

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