Com o ouro atingindo recorde acima de US$ 4.000 a onça, mineradoras como Newmont e Barrick devem registrar lucros combinados de quase US$ 3 bilhões. Entenda os fatores por trás dessa alta histórica e o que esperar para 2025.
Ouro em alta histórica: um novo marco acima de US$ 4.000
Os preços do ouro ultrapassaram, pela primeira vez, a marca de US$ 4.000 por onça, consolidando um dos momentos mais favoráveis da década para o metal precioso. Impulsionado por um cenário de incertezas geopolíticas, tarifas comerciais dos Estados Unidos e otimismo quanto a cortes nas taxas de juros norte-americanas, o ouro reafirma seu papel como ativo de refúgio em tempos de volatilidade.
De acordo com dados da LSEG, o preço médio do ouro entre julho e setembro foi de US$ 3.574,95 por onça, representando um salto de 43,5% em relação ao mesmo período de 2024. Essa disparada de preços não apenas aqueceu o mercado de metais preciosos, como também abriu espaço para um trimestre excepcional nas finanças das maiores mineradoras do setor.
Lucros bilionários: Newmont e Barrick brilham no terceiro trimestre
As duas gigantes do ouro, Newmont (NEM) e Barrick (ABX), devem reportar um lucro combinado de quase US$ 3 bilhões no terceiro trimestre de 2025, mais que o dobro dos US$ 1,4 bilhão registrados no mesmo período do ano anterior.
Segundo analistas de mercado, o desempenho reflete não apenas o preço recorde do metal, mas também custos operacionais sob controle e produção estável. As empresas conseguiram equilibrar despesas com contratações, royalties e impostos — que tendem a crescer junto com a valorização do ouro — mantendo margens expressivas.
A Newmont, líder global em mineração de ouro, devolveu US$ 1 bilhão aos acionistas no último trimestre e aprovou um programa de recompra de ações de US$ 3 bilhões. Um porta-voz da companhia destacou que a empresa está “bem posicionada para oferecer retornos sólidos aos acionistas por meio de um dividendo previsível e recompras estratégicas”.
Já a Barrick distribuiu US$ 753 milhões aos investidores apenas no primeiro semestre de 2025, além de manter o pagamento de 15 centavos por ação, incluindo um bônus de desempenho.
A corrida dos investidores: ouro rumo aos US$ 5.000?
Com a cotação superando a barreira dos US$ 4.000, muitos analistas preveem que o ouro pode alcançar US$ 5.000 por onça em 2026, caso as condições macroeconômicas e geopolíticas continuem favoráveis.
A busca por segurança, a desaceleração da economia global e possíveis cortes nas taxas de juros americanas criam um ambiente propício para o prolongamento da alta do ouro. Esse cenário tem atraído não apenas investidores tradicionais, mas também fundos de hedge e bancos centrais, interessados em diversificar reservas e proteger capital.
Recompra de ações e dividendos: a nova era de retorno ao acionista
Com lucros crescentes e posição de caixa fortalecida, as mineradoras estão priorizando o retorno aos acionistas. Analistas da RBC Capital Markets destacam que a maioria dos produtores deve atingir posição de caixa líquido ainda no terceiro trimestre, o que abre espaço para novas rodadas de recompra de ações e dividendos mais robustos.
As ações da Newmont subiram 132% em 2025, enquanto as da Barrick avançaram 98% no mesmo período. O desempenho impressionante reforça a confiança do mercado no ciclo de valorização do ouro e na eficiência das gestões corporativas das mineradoras.
Liderança e futuro: mudanças estratégicas nas gigantes do ouro
O setor também vive um momento de transição nas lideranças das principais companhias. Barrick e Newmont anunciaram, no mês passado, mudanças em suas presidências-executivas no mesmo dia, marcando uma nova fase para ambas.
A saída inesperada de Mark Bristow, CEO da Barrick, surpreendeu o mercado, especialmente após promessas de permanência e uma baixa contábil de US$ 1 bilhão associada à mina de Mali. O novo presidente-executivo deve reformular a abordagem da empresa sobre ativos estratégicos, como o projeto Reko Diq, no Paquistão.
Enquanto isso, a Newmont nomeou Natascha Viljoen, sua primeira presidenta-executiva, movimento visto como natural e já esperado por analistas. Sua chegada simboliza continuidade com inovação, com foco em sustentabilidade e operações de alto desempenho.
O impacto global do ouro em tempos de incerteza
O ouro, historicamente associado à estabilidade, ganha destaque em um cenário global repleto de tensões políticas, inflação persistente e volatilidade cambial. Em 2025, o metal precioso não apenas protege patrimônios, mas também impulsiona economias regionais e gera empregos em países produtores.
Com a valorização contínua, governos e investidores reforçam suas reservas, alimentando ainda mais a demanda global pelo ouro. Ao mesmo tempo, mineradoras como Agnico Eagle (AEM) e Kinross (K) se preparam para divulgar resultados em linha com o otimismo do setor, com datas marcadas entre 29 de outubro e 10 de novembro.
Conclusão: o ouro segue brilhando — e os investidores também
O recorde histórico do ouro marca o início de um novo ciclo para o setor de mineração e para o mercado financeiro global. Com lucros em alta, lideranças renovadas e planos estratégicos sólidos, empresas como Newmont e Barrick devem continuar a se destacar, impulsionadas por um cenário de confiança e valorização.
Se as previsões se confirmarem e o metal atingir US$ 5.000 por onça em 2026, o ouro consolidará mais uma vez seu posto de ativo mais seguro e lucrativo do mundo — e os investidores que acreditaram nessa corrida certamente colherão os frutos dourados dessa jornada.


