Dólar encerra semana em leve alta com mercado atento à postura do Fed e incertezas econômicas dos EUA

Dólar encerra semana em leve alta com mercado atento à postura do Fed e incertezas econômicas dos EUA

O dólar caminha para um modesto ganho semanal nesta sexta-feira, sustentado pela cautela dos investidores diante da postura hawkish do Federal Reserve e das preocupações sobre a economia norte-americana e global.

Dólar se mantém estável, mas fecha semana em leve alta com foco no Fed e nos sinais da economia global

O dólar estava a caminho de um modesto avanço semanal nesta sexta-feira (7), à medida que investidores buscavam avaliar a postura hawkish do Federal Reserve (Fed) e os impactos das incertezas econômicas nos Estados Unidos e no cenário internacional.

Enquanto isso, a divulgação de novos dados econômicos da China levantou preocupações adicionais sobre o ritmo de crescimento global, após o país registrar uma queda inesperada nas exportações de outubro, a maior desde fevereiro. O movimento surpreendeu analistas e acendeu o alerta para a fragilidade do comércio internacional.

Pressão vinda da China e tensões comerciais

A retração nas exportações chinesas veio após meses de antecipação de pedidos vindos dos Estados Unidos, feitos em meio às tentativas de empresas norte-americanas de evitar tarifas adicionais. O resultado reforçou o impacto das disputas comerciais e da demanda externa enfraquecida, fatores que continuam limitando o desempenho da segunda maior economia do mundo.

Com a desaceleração chinesa, investidores globais passaram a ajustar suas expectativas em relação ao crescimento mundial, buscando ativos de menor risco. O dólar, nesse contexto, manteve sua posição como moeda de refúgio, mesmo com oscilações pontuais durante a semana.

Cautela diante do Federal Reserve

Nos Estados Unidos, a política monetária segue no centro das atenções. O mercado continua tentando interpretar o tom hawkish adotado pelo Fed nas últimas comunicações oficiais.

De acordo com Mohit Kumar, economista da Jefferies, a incerteza sobre a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), marcada para dezembro, tem gerado reações exageradas nos mercados.

“Com a reunião de dezembro sendo uma incógnita e dependendo crucialmente do panorama do mercado de trabalho, o mercado está reagindo de forma intensa a qualquer novo dado”, explicou o analista.

Ele acrescentou que, na visão da Jefferies, as declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, indicam que o nível de exigência para um novo corte de juros em dezembro é elevado. Isso significa que o banco central norte-americano tende a manter sua postura de cautela antes de adotar qualquer nova flexibilização monetária.

Impacto nos rendimentos dos Treasuries

Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) voltaram a cair nesta sexta-feira, refletindo a combinação de incertezas econômicas internas e preocupações políticas em Washington.
A prolongada paralisação parcial do governo americano tem gerado ruídos sobre a execução de políticas fiscais e sobre o ritmo de publicação de dados econômicos oficiais, o que complica ainda mais as análises do mercado.

Além disso, investidores seguem atentos às discussões sobre a legalidade das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, um fator adicional de instabilidade para a economia e para o comércio exterior.

Movimentos no mercado cambial

O índice do dólar (DXY), que mede a força da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis rivais importantes, subia 0,14%, para 99,81 pontos, caminhando para um ganho semanal de cerca de 0,08%.
Apesar da leve valorização, o índice continua operando dentro da mesma faixa de consolidação observada desde agosto, refletindo um equilíbrio entre as perspectivas de crescimento global e a postura de cautela dos bancos centrais.

O euro (EUR/USD) recuava 0,1%, sendo negociado a US$ 1,1535, mostrando desempenho relativamente melhor que outras moedas europeias. A libra esterlina (GBP/USD) e o franco suíço (USD/CHF) apresentaram quedas mais expressivas, pressionadas pelo fortalecimento do dólar e por fatores regionais, como dados fracos de inflação e incertezas políticas no Reino Unido.

Perspectivas para as próximas semanas

Com a aproximação do fim do ano e a ausência de indicadores econômicos consistentes devido à paralisação do governo, o mercado deve continuar operando em faixas estreitas de volatilidade.
Investidores agora aguardam novos sinais do mercado de trabalho norte-americano, que deve orientar as decisões do Fed em dezembro.

Analistas apontam que, caso os números mostrem resiliência no emprego e nos salários, o banco central poderá manter a taxa de juros inalterada. Por outro lado, um enfraquecimento significativo dos dados pode abrir espaço para ajustes pontuais na política monetária, embora as chances de um corte ainda sejam consideradas baixas.

Enquanto isso, fatores externos — como o desempenho das exportações chinesas, as tensões comerciais e o comportamento dos preços das commodities — devem continuar influenciando o humor dos investidores e a trajetória do dólar nas próximas semanas.

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