O Bitcoin caiu quase 5% em apenas três horas no domingo, liquidação de US$ 539 milhões e repetição do pior novembro desde 2018. Entenda as causas, impactos e perspectivas do mercado cripto.
Bitcoin cai 5% em três horas: o que causou o flash crash e o que esperar para dezembro
Quando o assunto é Bitcoin, a volatilidade é praticamente um personagem fixo da trama. E, no último domingo, ele resolveu aparecer com força: o BTC caiu quase 5% em apenas três horas, despencando de uma consolidação estável em torno de US$ 91.500 para US$ 86.950 na Coinbase, segundo dados da TradingView. A queda aconteceu logo após o primeiro fechamento semanal positivo em quatro semanas, o que pegou traders de surpresa e reacendeu o alerta sobre a fragilidade do mercado no curto prazo.
A seguir, analisamos o que motivou o movimento abrupto, como as liquidações influenciaram o cenário e por que, apesar da turbulência, alguns analistas seguem confiantes.
Um fim de semana instável: Bitcoin falha em romper resistências
O Bitcoin passou a maior parte do fim de semana lateralizando, consolidando-se na região dos US$ 91.500, considerada crucial para medir a força compradora no fim do mês. O mercado enxergava esse patamar como uma possível rampa para um movimento de alta, mas o rompimento não veio.
De repente, o movimento inverteu. De acordo com o Kobeissi Letter, grandes oscilações no mercado cripto durante as noites de sexta-feira e domingo já se tornaram padrão ao longo de 2024, e este fim de semana reforçou a tendência. O curioso é que não houve nenhum catalisador noticioso evidente para justificar a queda. Nada de anúncios regulatórios, decisões macroeconômicas ou eventos inesperados. Apenas a volatilidade típica do mercado.
Liquidações em massa: o estopim por trás do flash crash
Segundo o Kobeissi Letter, o que parece ter desencadeado o movimento foi um aumento súbito no volume de vendas, provocando uma série de liquidações automáticas em posições alavancadas. O mercado vinha operando com um volume historicamente elevado de alavancagem, especialmente em posições long. Quando a pressão vendedora aparece de forma abrupta, o efeito dominó é inevitável.
Os dados da CoinGlass reforçam a intensidade do movimento. Mais de 180.000 traders foram liquidados em 24 horas. O volume total ultrapassou US$ 539 milhões, sendo quase 90 por cento dessas liquidações em posições long. Bitcoin e Ether foram os ativos mais afetados. Esse tipo de evento não sugere necessariamente um problema estrutural, mas sim um ajuste técnico provocado por excesso de alavancagem. Como afirmou o próprio Kobeissi, este mercado de baixa cripto ainda é estrutural e essa queda não representa uma deterioração fundamental.
Pior novembro desde 2018: o que isso representa
Mesmo para um ativo acostumado a extremos, o desempenho do Bitcoin em novembro chamou atenção. O mês terminou com queda de 17,49 por cento. Foi o pior novembro desde 2018, quando o BTC despencou 36,57 por cento durante o auge de um mercado de baixa severo.
Esse recuo pressiona indicadores de médio prazo e reforça a percepção de que o mercado segue fragilizado, embora algumas forças positivas ainda estejam no radar. Entre elas, destaca-se a entrada de capital institucional. ETFs adicionaram cerca de 220 milhões de dólares, sinalizando apetite contínuo de investidores maiores, mesmo com a forte correção mensal.
Analistas continuam otimistas apesar da turbulência
No meio do cenário tenso, alguns especialistas seguem otimistas. Um deles é o analista conhecido como Sykodelic, que destacou pontos positivos nesse movimento. Ele ressalta que não houve uma alta repentina e artificial no domingo, o gap da CME foi fechado e aproximadamente 400 milhões de dólares em posições long foram liquidadas. Para ele, isso reduz a pressão da alavancagem e abre espaço para futuros movimentos de alta mais consistentes. Segundo sua análise, a liquidez de baixa sendo varrida primeiro é exatamente o comportamento que o mercado precisa antes de uma recuperação saudável.
O que observar no início de dezembro
O início do mês traz ajustes importantes que podem ajudar o mercado a buscar equilíbrio no curto prazo. Ainda assim, alguns fatores merecem atenção.
Primeiro, a volatilidade nos finais de semana continua sendo um padrão recorrente. Esse comportamento pode seguir pressionando traders alavancados enquanto oferece oportunidades para investidores de longo prazo.
Segundo, a região dos 90 mil dólares segue sendo um ponto-chave. Recuperar e sustentar esse nível é importante para reconstruir a confiança no curto prazo.
Por fim, o impacto das liquidações mais recentes pode ajudar o Bitcoin a operar de forma mais leve. Com a maior parte do excesso de alavancagem já removida, há mais espaço para movimentos de recuperação.
Conclusão: uma queda forte, mas não necessariamente preocupante
O clima após o flash crash é de cautela, mas não de desespero. A queda de 5 por cento expôs novamente a fragilidade de um mercado altamente alavancado e sujeito a movimentos repentinos. No entanto, o ajuste pode ter sido saudável. A remoção de posições exageradas ajuda a equilibrar o mercado. O desempenho ruim de novembro fica para trás e alguns analistas enxergam espaço para uma recuperação mais orgânica.
Para investidores, a lição permanece a mesma. O Bitcoin continua imprevisível, mas também resiliente. E dezembro tende a manter o ritmo acelerado que já conhecemos no mercado cripto.


