Economia da Alemanha em 2025: Estagnação Persistente, Previsões Revisadas e os Desafios para Retomar o Crescimento

Economia da Alemanha em 2025

A economia da Alemanha segue estagnada e com previsões de crescimento revisadas para baixo por institutos como Ifo, Kiel e RWI. Entenda os motivos por trás do desempenho fraco, os impactos das tarifas dos EUA e por que o país ainda não enxerga uma recuperação autossustentável.

A economia da Alemanha, tradicionalmente reconhecida como a força motriz da União Europeia, passa por uma fase de crescimento fraco que teima em persistir. Embora alguns indicadores apontem para uma leve estabilização, os três maiores institutos econômicos do país — Ifo, Kiel e RWI — reforçaram nesta semana um diagnóstico pouco animador: a retomada continua lenta, custosa e sem sinais de uma recuperação que se sustente sozinha.

E, vamos combinar, quando os três maiores institutos falam a mesma língua, é porque o “barco” realmente está navegando em águas rasas.

Previsões de Crescimento Rebaixadas: O Que Esperar de 2025 a 2027

O Instituto Ifo revisou para baixo suas projeções para os próximos anos. Para 2025, o crescimento estimado caiu de 0,2% para 0,1%, mostrando uma desaceleração ainda mais forte do que o previsto anteriormente. Para 2026 e 2027, os cortes também foram significativos: o crescimento esperado agora é de 0,8% e 1,1%, respectivamente — 0,5 ponto percentual abaixo das previsões iniciais.

Segundo Timo Wollmershaeuser, chefe de previsões do Ifo, a economia alemã está se adaptando lentamente e com muito custo às transformações estruturais necessárias para competir em uma economia global cada vez mais tecnológica. Start-ups e empresas tradicionais enfrentam dois grandes vilões:
burocracia excessiva e infraestrutura ultrapassada.

Na prática? Menos agilidade, mais custos e menor capacidade de inovação — uma receita que trava qualquer possibilidade de avanço acelerado.

O Impacto das Tarifas dos EUA: Um Freio no Motor Exportador Alemão

As tarifas impostas pelos Estados Unidos continuam pressionando o setor de exportação alemão — um dos pilares fundamentais da economia do país.

De acordo com o Ifo:

  • Em 2025, as tarifas devem reduzir o crescimento em 0,3 ponto percentual.
  • Em 2026, o impacto será ainda maior: 0,6 ponto percentual.

Para uma economia que já cresce pouco, esse baque é expressivo. É como tentar correr com o freio de mão puxado.

Instituto Kiel: Crescimento Lento e Aparências Enganam

O Instituto Kiel também revisou suas projeções. Agora, prevê:

  • 0,1% de crescimento em 2024, após dois anos de retração;
  • 1,0% em 2025, abaixo dos 1,3% anteriores;
  • 1,3% em 2027, ligeiramente acima da estimativa anterior.

O Kiel acende um alerta importante: mesmo quando as taxas de crescimento parecerem mais robustas em 2026 e 2027, isso será consequência de estímulos e mais dias úteis — e não de uma melhora real da economia. Ou seja, é maquiagem macroeconômica. Bonita por fora, frágil por dentro.

E, nas palavras do instituto, “ainda não se vislumbra uma recuperação autossustentável”.

RWI: Investimentos Públicos Lentos e Reformas a Conta-Gotas

A análise do Instituto Leibniz de Pesquisa Econômica (RWI) segue a mesma linha crítica. O grupo também reduziu suas previsões e alertou para um problema estrutural: os investimentos públicos, principalmente em infraestrutura, estão andando em ritmo insuficiente para compensar a demanda fraca e a queda dos investimentos privados.

O RWI projeta:

  • 0,1% de crescimento em 2025, abaixo dos 0,2% anteriores;
  • 1,0% em 2026;
  • 1,4% em 2027.

E a grande decepção: o fundo especial de 500 bilhões de euros para infraestrutura e neutralidade climática ainda não saiu do papel, pelo menos não na velocidade necessária.

O economista Torsten Schmidt, do RWI, alerta:

“Quanto mais tarde esses recursos chegarem e quanto mais as reformas fundamentais não se concretizarem, maiores serão os danos à economia alemã.”

Em outras palavras: a Alemanha sabe o que precisa fazer, mas está demorando para fazer. E isso cobra caro.

Estagnação no Terceiro Trimestre: E Nada de Virada à Vista

O terceiro trimestre trouxe outro banho de água fria: a economia estagnou. Nada de crescimento, nada de retração — mas, no contexto atual, zero é mais próximo de negativo do que de positivo.

Segundo o RWI, não há sinais de que isso vá mudar até o fim do ano. A economia continua travada, presa no que muitos analistas já chamam de “marasmo estrutural”.

E Agora? Como a Alemanha Pode Sair Dessa Rota Lenta?

Para recuperar o protagonismo econômico, a Alemanha precisará encarar de frente alguns pontos críticos:

  • Simplificação da burocracia para destravar investimentos privados.
  • Aceleração do uso dos fundos públicos já aprovados.
  • Modernização da infraestrutura, especialmente digital e energética.
  • Apoio às empresas inovadoras, criando ambientes que favoreçam novos modelos de negócios.
  • Reposicionamento estratégico no comércio exterior, reduzindo a dependência de mercados sujeitos a tarifas.

Não será uma virada rápida — e os institutos deixam isso bem claro. Mas há caminho possível, desde que as decisões deixem de ser apenas intenções e se tornem ações concretas.


Conclusão

A economia da Alemanha vive um momento de estabilidade frágil, com crescimento teimosamente baixo e desafios estruturais que limitam qualquer retomada de fôlego. As previsões dos maiores institutos do país mostram que a recuperação será lenta, gradual e dependente de reformas urgentes.

Se nada mudar, o país pode enfrentar anos de crescimento anêmico. Mas, com ajustes assertivos, investimento acelerado e foco em inovação, a maior economia da Europa pode voltar a respirar — e puxar, como antes, o ritmo da região.

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