Futuros de Wall Street avançam com expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Fed e investidores aguardam resultados de gigantes como AMD, Pfizer e Snap. Veja o que está movimentando o mercado nesta terça-feira.
Os futuros de Wall Street abriram em alta nesta terça-feira, 5 de agosto de 2025, impulsionados por um forte otimismo em torno de possíveis cortes nas taxas de juros por parte da Reserva Federal dos EUA (Fed). O movimento positivo dá continuidade ao rali iniciado na segunda-feira, quando o mercado registrou sua melhor sessão desde 27 de maio.
O otimismo crescente tem base em dados econômicos mais fracos do que o esperado e em movimentos políticos recentes que aumentam as incertezas em torno da estabilidade institucional do país.
Dados de emprego e apostas em cortes de juros
O principal fator que tem sustentado a alta em Wall Street é a leitura do mercado sobre os dados de emprego de julho, que vieram abaixo do esperado. Além disso, houve revisões negativas nos dados dos meses anteriores, o que reforça a visão de que a economia americana está desacelerando.
Com isso, as apostas em um corte de juros em setembro dispararam. De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, a probabilidade de corte passou de 63,3% para 88,2% em apenas uma semana. Os analistas agora consideram possível que o Fed faça dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim de 2025.
Mudanças políticas aumentam tensões no mercado
O ambiente político norte-americano também adiciona volatilidade. O presidente Donald Trump surpreendeu o mercado ao demitir a chefe do Gabinete de Estatísticas do Trabalho, responsável pelos dados de emprego — o que gerou preocupação sobre a confiabilidade das estatísticas oficiais.
Além disso, a demissão inesperada de Adriana Kugler, governadora da Reserva Federal, na sexta-feira, abriu espaço para Trump reconfigurar a liderança da instituição. Trump, que há tempos critica o atual presidente do Fed, Jerome Powell, pode aproveitar a saída de Kugler para pressionar ainda mais por políticas monetárias mais frouxas.
Tensões comerciais seguem no radar
Outro fator relevante é o avanço nas tensões comerciais. Trump ameaçou aumentar as tarifas sobre produtos da Índia, devido às compras indianas de petróleo russo. O governo indiano considerou o ataque “injustificado” e prometeu adotar medidas para proteger sua economia.
Além disso, o mercado segue atento à possível prorrogação da trégua comercial com a China, que vence em 12 de agosto. Caso Trump opte por não renovar o acordo, as tarifas sobre produtos chineses podem voltar a subir para níveis de três dígitos — um movimento que certamente traria novas pressões inflacionárias e geopolíticas.
Expectativa por resultados corporativos movimenta o mercado
O foco dos investidores nesta terça-feira também se volta para a divulgação dos resultados trimestrais de importantes companhias. Entre as empresas que devem reportar números hoje estão:
- Advanced Micro Devices (AMD)
- Pfizer (PFE)
- Snap (SNAP)
- Rivian (RIVN)
- Yum Brands (YUM)
As expectativas são altas, especialmente em setores como tecnologia e farmacêutico, que tendem a reagir de forma mais sensível ao cenário de cortes de juros.
Destaques do pré-market
Algumas empresas já começaram a se movimentar fortemente no pré-mercado:
- A Palantir Technologies (PLTR) subiu 5,4%, após elevar sua previsão de receita anual pela segunda vez no ano. A alta é atribuída ao aumento da demanda por serviços ligados à Inteligência Artificial.
- A empresa de saúde digital Hims and Hers Health (HIMS) caiu 12,4%, após divulgar receitas abaixo das expectativas no segundo trimestre. A retração ocorreu principalmente devido à redução no número de assinantes dos seus produtos para emagrecimento.
- A Inspire Medical Systems (INSP) despencou 25,3% após divulgar resultados decepcionantes. O mercado reagiu negativamente à performance abaixo do esperado no segundo trimestre, levando a empresa à maior queda do dia até o momento.
Perspectivas para os próximos dias
Além dos resultados corporativos e das tensões políticas, os investidores estão atentos aos indicadores econômicos que serão divulgados ainda hoje, como:
- Índice de Gerentes de Compras (PMI) da S&P Global — leitura final de julho;
- PMI de não manufatura do Institute for Supply Management (ISM).
Ambos os indicadores são considerados termômetros relevantes da atividade econômica americana e podem afetar o humor do mercado, especialmente se surpreenderem para baixo ou reforçarem o cenário de desaceleração.
Conclusão: cenário misto, mas com viés positivo
O ambiente em Wall Street é de expectativa cautelosa. Por um lado, os dados econômicos mais fracos e a instabilidade política geram dúvidas. Por outro, a perspectiva de cortes de juros e a possibilidade de estímulos monetários adicionais trazem esperança para os investidores que apostam na retomada de ativos de risco.
Com a temporada de balanços em pleno vapor, o comportamento das ações das grandes empresas será essencial para confirmar ou não o otimismo atual. A volatilidade, portanto, deve seguir alta nos próximos dias, com possíveis reações fortes a cada dado ou declaração relevante.


