A China aumentou em 13,9% as importações de soja do Brasil em julho, alcançando 10,39 milhões de toneladas. Saiba como isso impacta o mercado global, EUA e Argentina.
A força do Brasil no mercado global de soja
A China, maior consumidora mundial de soja, registrou em julho um crescimento expressivo nas importações da oleaginosa brasileira. Foram 10,39 milhões de toneladas, o que representou 89% do total das compras chinesas no período. Esse volume é 13,9% maior do que o mesmo mês de 2023, consolidando o Brasil como o principal fornecedor do grão para o gigante asiático.
O movimento reforça a posição estratégica do Brasil no comércio internacional de commodities agrícolas, especialmente em um cenário de instabilidade nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
Queda nas exportações dos EUA
Enquanto o Brasil ampliava sua participação, os Estados Unidos perderam espaço. As exportações americanas de soja para a China caíram 11,5% em julho, somando apenas 420,8 mil toneladas, contra 475,3 mil no mesmo período do ano passado.
Essa retração reflete as tensões comerciais entre os dois países, somadas às tarifas impostas pela China sobre produtos agrícolas americanos. A falta de acordos sólidos faz com que importadores chineses prefiram garantir sua demanda com o Brasil, mesmo durante a temporada de pico da soja nos EUA.
Recorde histórico de importações em julho
No total, a China importou 11,67 milhões de toneladas de soja em julho, marcando um recorde histórico para o mês. A forte entrada do grão brasileiro foi o principal fator para esse resultado.
Segundo o analista agrícola Liu Jinlu, da Guoyuan Futures, dois fatores explicam esse aumento:
- Oferta robusta do Brasil, que apresenta colheita em grande escala.
- Preocupações geopolíticas, que incentivam os chineses a reforçar seus estoques para evitar riscos futuros.
Impactos da política chinesa e do setor de suínos
Outro ponto que influencia a demanda chinesa é a política de controle sobre a capacidade de produção de suínos no país. Como a soja é insumo essencial para a ração animal, qualquer ajuste regulatório no setor de proteína impacta diretamente as importações do grão.
Com a produção de carne suína sendo constantemente regulada pelo governo chinês, os estoques estratégicos de soja ganham ainda mais importância para garantir estabilidade no abastecimento interno.
Panorama de janeiro a julho: Brasil ainda lidera
Apesar da alta expressiva em julho, o acumulado do ano mostra um quadro diferente. Entre janeiro e julho de 2025, a China importou 42,26 milhões de toneladas de soja brasileira, registrando uma queda de 3% em comparação com 2024.
Em contrapartida, os Estados Unidos conseguiram avançar no acumulado: foram 16,57 milhões de toneladas, alta de 31,2%. Esse movimento mostra que, mesmo com a perda de espaço em julho, os EUA ainda conseguem competir em determinados períodos da safra.
Argentina ganha espaço no mercado
Além de Brasil e EUA, a Argentina também vem se consolidando como fornecedora relevante. Em julho, o país exportou 561 mil toneladas de soja para a China. No acumulado do ano, já são 672,6 mil toneladas, crescimento impressionante de 104,7% em relação ao mesmo período de 2024.
Esse aumento se deve a uma maior disponibilidade do grão argentino, após uma safra mais favorável e melhora na logística de exportação.
Perspectivas para os próximos meses
O futuro do mercado de soja dependerá de três fatores principais:
- Negociações entre EUA e China – Caso não haja acordo, os exportadores americanos correm risco de perder ainda mais espaço.
- Produção brasileira – O Brasil segue sendo o grande player do mercado, e uma safra robusta continuará garantindo liderança.
- Política chinesa para o setor de suínos – Mudanças regulatórias podem afetar diretamente o nível de demanda.
Além disso, há o fator climático: eventos extremos como secas e enchentes podem alterar a produção e impactar os preços internacionais da soja.
Considerações finais
O aumento de 13,9% nas importações de soja do Brasil pela China em julho reforça a força da agricultura brasileira no comércio global. Ao mesmo tempo, expõe a vulnerabilidade dos Estados Unidos frente às tensões comerciais e abre espaço para países como a Argentina ampliarem sua presença no mercado.
O cenário é dinâmico e continuará sendo um termômetro das disputas comerciais globais e da segurança alimentar mundial.


