Futuros de Wall Street caem com investidores atentos ao relatório de inflação PCE e à audiência da governadora Lisa Cook. Dell e Marvell recuam forte, Caterpillar alerta sobre tarifas e fim da isenção para pacotes impacta empresas.
Futuros dos EUA recuam nesta sexta-feira
A sexta-feira começou negativa nos mercados norte-americanos, com investidores à espera de dados cruciais de inflação que podem definir os rumos da política monetária do Federal Reserve em setembro.
- Dow Jones caía 0,33% (-150 pontos)
- S&P 500 recuava 0,33% (-21,5 pontos)
- Nasdaq caía 0,53% (-125,75 pontos)
A cautela domina o pregão após semanas de ganhos expressivos, com o S&P 500 e o Dow fechando em máximas históricas na quinta-feira.
Dell e Marvell decepcionam com previsões
O setor de tecnologia voltou a pesar sobre o mercado:
- Dell (DELL) caiu 6,4% após apresentar uma previsão trimestral abaixo das expectativas.
- Marvell (MRVL) despencou 14%, também por conta de perspectivas fracas.
Esses resultados acenderam um sinal de alerta, indicando que mesmo empresas de grande porte estão sentindo os efeitos das tarifas e da desaceleração global da demanda.
A Nvidia (NVDA) também caiu quase 2% no pré-mercado, refletindo o impacto da recente revisão de vendas no mercado chinês. Ainda assim, os comentários otimistas de Jensen Huang sobre a demanda por infraestrutura de inteligência artificial ajudaram a segurar parte da pressão.
Fed e relatório de inflação no centro das atenções
O foco do mercado nesta sexta-feira é o índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), considerado o indicador de inflação favorito do Fed.
- A expectativa dos economistas é que a inflação geral permaneça em 2,6% em julho.
- Já o núcleo, que exclui alimentos e energia, deve subir para 2,9%, após 2,8% em junho.
Segundo Seema Shah, estrategista da Principal Asset Management:
“Os recentes desenvolvimentos da inflação oferecem pouca segurança. Sinais subjacentes apontam para pressões crescentes sobre os preços em meio a tarifas mais altas.”
Os investidores precificam uma probabilidade de 84,2% de que o Fed corte os juros em setembro, segundo a LSEG. O próprio Jerome Powell, em Jackson Hole, reconheceu fragilidade no mercado de trabalho, aumentando as apostas por uma redução de 25 pontos-base.
Disputa política no Fed: Lisa Cook na mira
A política também adiciona volatilidade. A governadora do Fed, Lisa Cook, entrou com uma moção alegando que a tentativa do ex-presidente Donald Trump de demiti-la foi ilegal.
Uma audiência sobre o caso está marcada para 10h (horário do leste dos EUA) e deve trazer impactos sobre a percepção da independência do banco central.
Enquanto isso, os rendimentos dos Treasuries de longo prazo subiram, refletindo preocupações de que um Fed politicamente influenciado possa prejudicar a credibilidade da dívida americana.
Tarifas e impacto no consumo
Outro ponto de atenção foi o fim da isenção tarifária para pacotes de até US$ 800 importados nos EUA.
- Essa medida aumenta os custos para empresas importadoras e deve ser repassada aos consumidores.
- Economistas alertam que esse efeito ainda não está totalmente refletido nos indicadores de preços, mas pode pressionar a inflação nos próximos meses.
A Caterpillar (CAT), vista como termômetro da economia global, caiu 2,6% após projetar maiores impactos de tarifas em 2025.
Energia e consumo: destaques positivos
Nem tudo foi negativo no pregão:
- A Celsius Holdings (CELH) subiu 6,6% após notícia de que a PepsiCo (PEP) aumentará sua participação na empresa de bebidas energéticas em um acordo de US$ 585 milhões.
- O setor de consumo segue mostrando resiliência, mesmo em meio às pressões inflacionárias.
Conclusão
O pregão desta sexta-feira é marcado por cautela e expectativa:
- Dell e Marvell puxam a Nasdaq para baixo após previsões fracas.
- O relatório de inflação PCE deve definir os próximos passos do Fed.
- A disputa política envolvendo Lisa Cook levanta dúvidas sobre a independência do banco central.
- O fim da isenção tarifária para pacotes de baixo valor pressiona empresas e consumidores.
- Destaque positivo para a Celsius Holdings, que segue crescendo no setor de bebidas energéticas.
Com tantos fatores em jogo, os próximos dias prometem ser decisivos para o rumo de Wall Street e para a percepção global da economia americana.


