Dólar em Mínima de Cinco Semanas: O Que Esperar do Mercado e da Política Monetária dos EUA

Dólar diminui

O dólar atingiu seu nível mais baixo em cinco semanas diante de expectativas sobre o mercado de trabalho e a política da Reserva Federal. Descubra os fatores que explicam essa queda e os impactos para investidores e moedas globais.

O dólar iniciou a semana em queda, alcançando seu nível mais baixo em cinco semanas, em meio à expectativa dos investidores por dados cruciais do mercado de trabalho nos Estados Unidos. A movimentação reflete a combinação de fatores econômicos, políticos e monetários que podem redefinir o futuro da política da Reserva Federal (Fed) e, consequentemente, o rumo da moeda norte-americana.

Expectativas sobre o mercado de trabalho

O principal foco do mercado nesta semana está voltado para os dados das folhas de pagamento não-agrícolas, que serão divulgados na sexta-feira. Antes disso, números relacionados a vagas de emprego e folhas privadas devem oferecer pistas sobre a resiliência ou o enfraquecimento do mercado de trabalho norte-americano.

Um mercado de trabalho mais fraco pode reforçar a expectativa de cortes nas taxas de juros da Fed. Atualmente, os investidores precificam com quase 90% de probabilidade um corte de 25 pontos-base já em setembro, segundo a ferramenta CME FedWatch. Até o outono de 2026, a previsão é de até 100 pontos-base em reduções.

O impacto da inflação e da política monetária

Na última sexta-feira, dados da inflação reforçaram a percepção de que a economia dos EUA já não apresenta o mesmo vigor de anos anteriores. Isso se soma à visão de analistas de que o dólar mais fraco é uma resposta natural ao arrefecimento econômico e à aproximação da política monetária a níveis mais brandos.

A política monetária da Fed segue no centro do debate, especialmente após tensões entre o presidente norte-americano e o banco central. Donald Trump intensificou sua campanha para exercer maior influência sobre a instituição, questionando inclusive a permanência da governadora Lisa Cook. Esse tipo de interferência gera preocupações sobre a independência da Fed, elemento fundamental para a credibilidade da política econômica dos EUA.

Desempenho do dólar frente a outras moedas

Em relação a um cabaz de moedas, o índice DXY recuou 0,22%, chegando a 97,64 pontos, após ter tocado os 97,534 – seu nível mais baixo desde 28 de julho. A queda mensal registrada foi de 2,2%, consolidando o enfraquecimento da moeda.

Contra o euro, o dólar caiu 0,32%, com o par EUR/USD sendo negociado a 1,1719. Frente à libra esterlina, a moeda norte-americana recuou 0,16%, sendo cotada a 1,3525. Já frente ao iene japonês, o movimento foi de estabilidade, com o par USD/JPY em 147,00, apesar da queda acumulada de 2,5% em agosto.

Outro destaque foi o yuan chinês, que interrompeu uma série de seis dias consecutivos de perdas e se estabilizou em 7,1344, após ter alcançado na sexta-feira seu nível mais baixo desde novembro de 2024.

Riscos políticos e comerciais

O cenário político internacional também pesa sobre as expectativas cambiais. Na França, o governo enfrenta uma provável derrota em um voto de confiança sobre cortes orçamentários, o que adiciona riscos internos à Zona do Euro. Contudo, analistas apontam que só haveria pressão significativa sobre o euro caso houvesse sinais claros de contágio para outros países do bloco, o que não é evidente até agora.

Nos Estados Unidos, a disputa em torno das tarifas impostas durante o governo Trump também entrou no radar, após decisão judicial considerar a maioria delas ilegais. Além disso, seguem as negociações comerciais com parceiros estratégicos, fator que pode influenciar tanto a confiança dos investidores quanto o desempenho do dólar.

Perspectivas para os próximos meses

O enfraquecimento do dólar parece se consolidar como tendência, sustentada por três pilares principais:

  1. Mercado de trabalho mais fraco – se os próximos dados confirmarem desaceleração, os cortes de juros devem ser acelerados;
  2. Política monetária expansionista – a expectativa de alívio da Fed reduz o apelo do dólar frente a moedas de economias mais estáveis;
  3. Riscos políticos e comerciais – tanto internos quanto externos, criam incerteza e reduzem a confiança na moeda.

Para os investidores, esse contexto exige cautela, mas também abre oportunidades em moedas como o euro, a libra e o yuan, que podem ganhar força relativa nos próximos trimestres.


Conclusão

O dólar em mínima de cinco semanas é mais do que um movimento pontual: é reflexo de um cenário global em transformação, marcado pela expectativa de cortes de juros, pela pressão política sobre a Fed e pelas incertezas comerciais. Para quem acompanha o mercado financeiro, os próximos meses serão decisivos para entender se o dólar manterá sua trajetória de queda ou encontrará novos pontos de suporte diante da economia global.

Com os holofotes voltados para o relatório de empregos desta semana, o mercado caminha em compasso de espera, atento a cada sinal que possa redefinir o futuro da moeda mais importante do mundo.

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