Dólar se estabiliza antes da decisão do Federal Reserve enquanto iene ganha força com pressão dos EUA sobre o Japão

Dólar se estabiliza antes da decisão do Federal Reserve enquanto iene ganha força com pressão dos EUA sobre o Japão

O dólar mantém estabilidade antes da reunião do Federal Reserve, enquanto o iene japonês se valoriza após os EUA pedirem ao Banco do Japão uma “política monetária sólida”. Entenda o impacto global dessa movimentação.

Dólar se estabiliza antes da decisão do Fed e iene ganha força após pressão dos EUA sobre política monetária do Japão

O mercado cambial global iniciou esta terça-feira em compasso de espera. O dólar americano (USD) se manteve estável enquanto investidores aguardavam a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o iene japonês (JPY) ganhou força após declarações do secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, que pediram ao Banco do Japão (BoJ) uma postura mais rígida na condução da política monetária — o que foi interpretado como um incentivo para o aumento das taxas de juros.

O iene ganha terreno e desafia o dólar

A valorização do iene foi expressiva: a cotação USDJPY recuou 0,66%, para 151,88 por dólar, refletindo a reação do mercado às falas de Bessent. O secretário defendeu uma “política monetária sólida” durante reunião com o ministro japonês das Finanças, Satsuki Katayama, o que levou analistas a acreditarem que Washington está pressionando Tóquio por uma normalização monetária mais rápida.

Segundo Kamal Sharma, estrategista sênior de câmbio do Bank of America, o comentário do secretário foi interpretado como uma “preferência por medidas convencionais”, como aumentos graduais nas taxas de juros, em vez de simples intervenções cambiais. Essa visão levou o par dólar/iene a recuar, refletindo a confiança dos investidores de que o BoJ pode, em breve, dar sinais mais claros sobre o momento de seu próximo aperto monetário.

Expectativas para a reunião do Banco do Japão

O Banco do Japão realiza sua reunião de política monetária ainda nesta semana, e o consenso entre economistas é de que as taxas de juros serão mantidas. No entanto, os mercados estarão atentos às entrelinhas do comunicado, buscando pistas sobre o próximo ciclo de alta.

O Japão vem enfrentando pressões externas e internas: de um lado, os Estados Unidos pedem mais firmeza no combate à desvalorização cambial; de outro, o país asiático precisa lidar com um histórico de inflação moderada e crescimento econômico frágil. Qualquer mudança na postura do BoJ pode influenciar diretamente os fluxos globais de capital e a direção das moedas emergentes.

Política, comércio e geopolítica em foco

Além das movimentações monetárias, os mercados também acompanharam o encontro entre Donald Trump e a nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, em Tóquio. O ex-presidente dos Estados Unidos — que recentemente reassumiu papel ativo na política externa americana — elogiou o compromisso do Japão em fortalecer sua capacidade militar e assinou acordos bilaterais sobre comércio e terras raras.

Essas alianças estratégicas reforçam a cooperação econômica e militar entre os dois países, especialmente em um momento de tensão geopolítica crescente com a China. A próxima etapa desse cenário será a reunião entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, marcada para quinta-feira, na Coreia do Sul.

Trump afirmou que tem “muito respeito pelo presidente Xi” e acredita que um acordo comercial entre as duas potências é possível. No entanto, as autoridades chinesas têm se mantido cautelosas e evitado declarações públicas sobre os rumos das negociações.

Impactos esperados para o dólar e o euro

Enquanto isso, o dólar americano enfrenta pressão baixista diante das expectativas de que o Federal Reserve anuncie um corte de 25 pontos-base na taxa de juros. Essa possibilidade tem enfraquecido o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a um cesto de seis divisas principais.

O DXY recuava 0,12%, para 98,67 pontos, após já ter caído 0,15% no pregão anterior. Essa tendência reflete o sentimento de que a política monetária dos EUA pode estar se aproximando de um ponto de virada, o que reduz a atratividade do dólar para investidores internacionais.

Em contrapartida, o euro (EURUSD) atingiu a máxima de uma semana, cotado a US$1,166, enquanto a libra esterlina (GBPUSD) subiu para US$1,332, com alta de 0,13% no dia.

O que o mercado deve observar nos próximos dias

O cenário global segue carregado de incertezas, com o foco dividido entre três eixos principais:

  1. A decisão do Federal Reserve, que deve indicar o rumo da política monetária americana para os próximos meses.
  2. A reunião do Banco do Japão, onde os investidores buscarão sinais concretos de normalização de juros.
  3. As negociações diplomáticas e comerciais entre Estados Unidos, Japão e China, que podem redefinir o equilíbrio econômico na Ásia e impactar o câmbio global.

Com tantas variáveis em jogo, a volatilidade deve permanecer elevada, especialmente nos pares de moedas mais sensíveis às mudanças de política monetária, como USDJPY, EURUSD e GBPUSD.


Conclusão

O dólar está em compasso de espera, e o mercado global de câmbio observa atentamente os próximos movimentos de Washington e Tóquio. A valorização do iene é um reflexo da pressão política e monetária internacional, enquanto o Fed e o BoJ testam o equilíbrio entre crescimento e controle inflacionário.

Para os investidores, este é um momento de análise cautelosa e foco em fundamentos, pois qualquer mudança nas taxas de juros — tanto nos Estados Unidos quanto no Japão — pode redesenhar o mapa das moedas globais nas próximas semanas.

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