O Bitcoin cai para US$ 101 mil e testa o suporte dos US$ 100 mil após forte correção nos mercados globais. ETFs registram saídas de US$ 578 milhões e analistas projetam consolidação entre US$ 98 mil e US$ 107 mil.
Cotação Atual e Contexto de Mercado
Na manhã desta quarta-feira, 05 de novembro de 2025, o Bitcoin (BTC) está cotado a R$ 548.833,13, acompanhando a queda internacional da criptomoeda, que voltou a negociar próximo dos US$ 101 mil. Caso o suporte psicológico de US$ 100 mil seja rompido, analistas apontam possibilidade de queda adicional até a faixa dos US$ 95 mil.
O movimento ocorre em um ambiente de forte aversão ao risco, influenciado pela correção das ações de tecnologia nos Estados Unidos e pela queda dos mercados asiáticos. De acordo com André Franco, CEO da Boost Research, o cenário reflete uma reação natural a valorizações excessivas em papéis de empresas ligadas à inteligência artificial e semicondutores.
Enquanto o ouro volta a subir em meio à busca por proteção e o petróleo recua diante de temores de desaceleração da demanda global, o Bitcoin e demais criptoativos sofrem com o aumento da procura por liquidez em dólar e iene.
Pressão Macroeconômica e Perspectivas de Curto Prazo
O colapso nos mercados asiáticos, aliado à valorização das moedas de reserva, reforçou o movimento de “risk-off” global, penalizando ativos digitais. Segundo analistas, a perda do suporte dos US$ 102 mil e as saídas expressivas de ETFs sinalizam que o BTC pode continuar sua trajetória corretiva até a zona de US$ 96 mil.
A recuperação, por sua vez, dependerá de melhora no sentimento global ou de eventuais estímulos monetários. Sem essas condições, o Bitcoin deve permanecer pressionado, consolidando entre US$ 98 mil e US$ 107 mil nas próximas semanas.
ETFs de Bitcoin e Fluxo Institucional
O impacto da correção se refletiu diretamente nos produtos institucionais. Os ETFs de Bitcoin à vista registraram US$ 578 milhões em saídas nos últimos cinco dias, liderados pelo iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock. Esse foi o quinto dia consecutivo de resgates, evidenciando o receio de investidores institucionais.
Além disso, os ETFs de Ethereum também sofreram saídas de US$ 219 milhões, enquanto os de Solana (SOL) mantiveram um movimento contrário, com entradas líquidas de US$ 14,83 milhões — um sinal de mudança de apetite no mercado.
De acordo com Timothy Misir, chefe de pesquisa da BRN, essa rotação de fluxos é típica de momentos de incerteza:
“Os investidores estão realocando capital para narrativas emergentes, como Solana, enquanto realizam lucros em Bitcoin e Ethereum.”
Desalavancagem e Impacto no Mercado de Derivativos
A correção também atingiu fortemente o mercado de derivativos. Mais de US$ 1,3 bilhão em posições foram liquidadas nas últimas 24 horas, sendo US$ 1,1 bilhão apenas em posições compradas (longs). Esse foi um dos maiores eventos de deleverage diário desde maio de 2021.
Segundo Misir, o movimento representa uma “purga de alavancagem” — uma limpeza estrutural que, paradoxalmente, torna o sistema mais saudável para um novo ciclo. O open interest de contratos futuros de BTC caiu US$ 10 bilhões, um patamar comparável apenas ao crash de maio de 2021 e à crise da FTX em 2022.
Análise On-Chain: Fundamentos Sólidos em Meio à Pressão
Nos dados on-chain, titulares de curto prazo (STH) seguem sob pressão, com 30.300 BTC enviados a exchanges com prejuízo. O indicador STH-SOPR, próximo de 1, reflete baixa confiança em recuperações imediatas.
Em contrapartida, os detentores de longo prazo (LTH) permanecem firmes, com saldos de baleias estáveis e redução nas reservas das corretoras, apontando demanda orgânica consistente.
“O mercado está apenas eliminando o excesso de alavancagem. Isso não é o fim, é o início de um novo ciclo”, resume Misir.
Cenário Global: Flight to Liquidity e Efeitos Colaterais
Nos Estados Unidos, o impasse político e fiscal amplia a aversão ao risco. A paralisação do governo já dura 35 dias, enquanto tensões eleitorais em Nova York intensificam a volatilidade. Como reflexo, investidores migram para ativos de liquidez imediata, como títulos do Tesouro e dólar, penalizando o Bitcoin.
O Nasdaq registrou queda de 7% em empresas como Nvidia e Palantir, ampliando a pressão sobre ativos de alto beta. Ainda assim, analistas destacam que não há risco sistêmico de crédito — trata-se de uma correção técnica, não de uma crise estrutural.
Na China, a suspensão parcial de 24% das tarifas sobre produtos dos EUA trouxe breve alívio, mas a postura ainda hawkish do Federal Reserve e a desaceleração do mercado de trabalho americano mantêm o ambiente de cautela.
Altcoins, Capitalização e Expectativas
Com a capitalização total do mercado cripto caindo 2,5%, para US$ 3,39 trilhões, cerca de US$ 289 bilhões evaporaram em apenas 24 horas. As principais altcoins seguiram o movimento:
- Ethereum (ETH): US$ 3.300
- BNB: US$ 946
- Solana (SOL): US$ 157
Entre as exceções positivas estão ZSynk (ZK), Bitget Token (BGB) e Hyperliquid (HYPE), com altas de 8%, 7% e 6%, respectivamente. As maiores baixas são Dash (DASH), Decred (DCR) e Bittensor (TAO), com perdas de até -30%.
Conclusão: Consolidação e Perspectiva de Recuperação
Apesar do momento negativo, o Bitcoin mantém suporte estrutural forte na faixa de US$ 100 mil, e analistas acreditam que a fase de liquidação extrema pode representar o fim da correção.
“As bases continuam intactas. Enquanto houver hodlers, haverá recuperação”, afirma Misir.
Com isso, a expectativa é de estabilização entre US$ 98 mil e US$ 107 mil nas próximas semanas, até que os ETFs retomem fluxos positivos e o sentimento macroeconômico global melhore.


